Aparecida, 12/10: fé, bem-estar e ODS
- relatorio6

- 12 de out.
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Por Luiz Henrique Miranda
Peregrinação e romaria caminham lado a lado, mas não são sinônimos. Peregrinação é o ato de partir — muitas vezes sozinho ou em pequenos grupos — rumo a um lugar de sentido espiritual, em busca de promessa, penitência, agradecimento, cura, autoconhecimento. É o caminho interior que se faz com os pés.
Romaria, por sua vez, é a peregrinação em comunidade: datas fixas, propósito de vida, estandartes, cantos, rezas, organização coletiva. Se a peregrinação tem tom introspectivo, a romaria é festa de fé: rito, encontro, pertença. As duas compartilham três colunas: deslocamento, propósito e hospitalidade — a rede de acolhida que faz do caminho parte do sagrado.
Hoje, 12 de outubro, Aparecida pulsa. A Padroeira do Brasil, mulher negra na iconografia católica, resplandece em dourado no Santuário cheio; metáfora perfeita da brasilidade que mistura devoção popular, arte e símbolo.
Não chegamos aqui do nada: nossa tradição de “santidades” atravessa Nhá Chica — a beata mineira que transformou fé em serviço — e ecoa na figura arquetípica da preta-velha de nossas matrizes afro e espíritas, conselheira, curadora, guardiã de memórias. No mesmo altar cívico, Chico Mendes virou emblema ético de floresta e dignidade — referência para gerações de A a Z (a despeito dos conservadorismos de direita ou de esquerda). Próximo, nas as dimensões da grandiosidade, uma coluna de muiraquitãs.
Peregrinar também é cuidar do corpo e do território.
Por isso, recomendo caminhadas e cicloviagens de fé que unam espiritualidade, lazer e bem-estar, conectando-se aos ODS: saúde e bem-estar; trabalho e renda local; cidades e comunidades sustentáveis; ação climática. É uma força global em marcha — e o Brasil, que figura entre os países com maiores recursos naturais e culturais segundo índices internacionais, tem a chance de mostrar ao mundo, na próxima COP sediada aqui, que devoção pode virar compromisso com biomas e pessoas.
Se ainda nos ronda o “complexo de vira-lata”, é porque muitas vezes subestimamos nossa própria potência: organizamos pouco, medimos pouco, contamos mal nossas vitórias. Peregrinação e romaria lembram o contrário: quando propósito, beleza e comunidade se alinham, o caminho vira obra. Que Aparecida nos inspire a transformar fé em estrada, estrada em cuidado e cuidado em futuro — com passos firmes, juntos.
*Luiz Henrique Arruda Miranda é Comunicador Social e CEO da Agência Amigo – Comunicação Integrada, publisher do portaldohoteleiro.com.br; das revistas Skål São Paulo, Visite Guarujá e diretor de Comunicação e Marketing da Skål Internacional Brasil.





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