- 22 de out.
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O predomínio do Google não se explica apenas por “ter o melhor buscador”, mas por uma arquitetura de plataforma que costura serviços essenciais — busca, Android, Chrome, YouTube, Maps, Gmail — em uma infraestrutura de vida digital. Em economia, isso se descreve como mercados de dois lados com fortes efeitos de rede: quanto mais usuários e anunciantes aderem, mais útil o ecossistema se torna, retroalimentando adoção e dados. (OUP Academic)
Os números mostram a escala: o Google concentra ~90% da busca global (todas as plataformas), o Chrome supera 70% do uso de navegadores, e o Android domina o mobile com algo em torno de 72–74% de participação. Cada ponto de contato vira porta de entrada para o restante do ecossistema — do login ao pagamento — reforçando lock-in e custos de troca. (StatCounter Global Stats)
Na sociologia das mídias, pesquisadores falam em “plataformização” e “infraestruturalização”: plataformas deixam de ser “um site” e passam a operar como infraestruturas sobre as quais outros atores dependem — caso emblemático de Google Maps, que converte participação e rastros digitais em uma base cartográfica contínua, ao mesmo tempo participativa e recentralizada pela corporação. (IJOC)

Do ponto de vista da comunicação, a teoria dos usos e gratificações ajuda a entender por que públicos qualificados escolhem produtos Google: utilidade imediata (navegar, trabalhar, deslocar, aprender) e redução de atrito (conta única, integrações, recomendações). A massividade do YouTube — plataforma usada pela ampla maioria dos adultos e principal entre jovens — ilustra como informação, entretenimento e notícia se fundem num mesmo ambiente algorítmico. (Wikipedia)

Essa hegemonia, porém, é política e regulatória: na Europa, mudanças no desenho das páginas de resultados e nos privilégios a verticais próprios (Shopping, Hotels, Flights) mostram que o poder de intermediação está sob escrutínio. Ao mesmo tempo, o avanço de buscadores/IA e navegadores “agentizados” pressiona o status quo. (Reuters)
Em síntese, o Google amplia sua posição porque combina escala técnica, efeitos de rede, conveniência de ecossistema e a capacidade de se tornar infraestrutura cotidiana. Entender essa trama — e seus trade-offs de concorrência e governança — é crucial para formuladores de políticas, marcas e usuários que desejam aproveitar o valor prático sem abrir mão de pluralidade informacional e autonomia.
Na União Europeia, a hegemonia do Google está sob teste regulatório. Após a decisão do caso Shopping (2017), que condenou o self-preferencing do Google ao favorecer seu comparador nas páginas de busca, a Comissão Europeia passou a aplicar a DMA (Digital Markets Act) para coibir vantagens a verticais próprios — Shopping, Hotels e Flights — e abriu novas frentes de investigação em 2024/2025.
Em resposta, o Google vem redesenhando a SERP (Search Engine Results Page ou, no bom português, “página de resultados do mecanismo de busca”) na Europa: criou unidades “igualmente formatadas” para dar mais destaque a sites de comparação e fornecedores, testou resultados de “dez links azuis” para buscas de hotéis em países da UE e removeu recursos como mapas e widgets interativos em alguns testes — mudanças que afetam o tráfego de hotéis, OTAs e comparadores e explicitam o poder de intermediação do buscador.
Essas alterações seguem em negociação com Bruxelas e podem render multas de até 10% da receita global por descumprimento da DMA. (PMC)

Ao mesmo tempo, a “pressão competitiva” vem do avanço de buscadores com IA e de navegadores agentizados, capazes de executar tarefas e navegar por sites “em nome do usuário”. Exemplos incluem o lançamento do Neon (Opera) e iniciativas do próprio Google, como o Project Mariner, que automatiza comparações, formulários e compras no navegador, apontando para uma web em que agentes decidem rotas de informação e conversão — um cenário que redefine distribuição de tráfego e obriga plataformas a reavaliar seus desenhos de produto. (Reuters) Para fornecedores e entidades setoriais, isso tem efeito direto: quem depende de discovery orgânico ou pago precisa diversificar canais e qualificar conteúdo.

Nesse contexto, o Portal do Hoteleiro — solução de Marketing Digital (DMS) da ABIH-SP, com website integrado ao website da entidade empresarial representativa dos hoteleiros (www.abihsp.com.br), LinkedIn, Instagram, YouTube, E-mail e WhatsApp, entre outros— funciona como camada própria de audiência: entrega informação, treinamentos e notícias sob demanda para profissionais da hotelaria, mitiga riscos de mudanças na SERP e nos agentes de IA, e cria relações de primeira parte (1P) que preservam alcance e relevância do setor, mesmo quando as regras do buscador mudam.
Em outras palavras, enquanto a Europa questiona como o Google deve apresentar hotéis e voos, o Portal do Hoteleiro se posiciona como infraestrutura editorial e de distribuição da hotelaria paulista, protegendo presença, dados e narrativa do trade.
rado ao website da entidade empresarial representativad///, LinkedIn, Instagram. YouTub, E-mail e WhatsApp, entre outros— funciona como camada própria de audiência: entrega informação, treinamentos e notícias sob demanda para profissionais da hotelaria, mitiga riscos de mudanças na






