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Por Luiz Henrique Arruda Miranda


Imaginemos, com um sorriso no canto da boca e o alerta no coração, um mundo em que a inesquecível Odete Roitman — personagem de personalidade dominante, vivida por Beatriz Segall — fosse convocada para intermediar um acordo com ninguém menos que Donald Trump. Em pleno Conselho de Segurança da ONU. Seria diplomacia ou detonação?


Com sua fala afiada e olhar calculado, Odete talvez fosse o que nos falta entre protocolos diplomáticos desgastados e a necessidade de dizer verdades com elegância. Mas, como todos sabemos, os bastidores do poder real não se curvam à ficção. O que está em jogo vai além de egos: trata-se do futuro da humanidade — e isso não se negocia com ironias ou ameaças nucleares.

A explosão que precisamos não é a bélica. É a da consciência.


Num planeta onde atrocidades entre seres humanos continuam sendo praticadas com naturalidade estarrecedora, resta-nos a ONU como o experimento civilizatório mais avançado já produzido coletivamente. Sua imperfeição não a torna inútil. Ao contrário, é sinal de que seguimos tentando encontrar consenso onde reina a divergência.


Não podemos, no entanto, continuar espelhando a competência em negociação apenas no poder de barganha de quem tem o maior arsenal ou o maior PIB. Democracia não se mede em mísseis, mas em dignidade partilhada. Direitos iguais, respeito mútuo, justiça social — valores esses que sustentam não apenas a cidadania, mas também o consumo responsável e as políticas públicas integradas à iniciativa privada em compromissos sustentáveis de curto, médio e longo prazo.


As tecnologias da informação já nos oferecem instrumentos que trazem luz onde antes havia opacidade. Cada IP é uma identidade. Cada clique, um rastro de intenção. Se podemos rastrear com tanta precisão, também podemos — e devemos — garantir mais equidade, transparência e responsabilidade, especialmente no campo do trabalho. Afinal, nenhum progresso é real se não reconhece o valor social das mãos que o constroem.


Nesse caminho, seria louvável se o Banco Mundial liderasse uma campanha global — incentivada por bancos privados e fintechs comprometidas com critérios científicos e éticos — para fortalecer economias criativas e solidárias. Com o suporte da inteligência artificial, poderíamos criar estratégias que transcendam a especulação e mirem o bem comum.

Ganhos de escala? Claro que sim. Mas com propósito.


Mais voos, sim — desde que sustentáveis. Mais cruzeiros, trens, rodovias e hidrovias — desde que limpos e integrados a territórios que respeitam suas culturas e seus ecossistemas. Mais embarques e desembarques — desde que conectem pessoas, e não apenas lucros.


O futuro é possível. Está em nossas mãos e nas escolhas que fazemos todos os dias, seja na urna ou na prateleira, no streaming ou no destino da próxima viagem. E, falando em escolhas conscientes, recomendo aos profissionais da hospitalidade e interessados em turismo sustentável uma visita ao Portal do Hoteleiro. Porque, sim, a transformação começa também pelo que aprendemos, ensinamos e compartilhamos.


Se Odete negociasse com Trump, talvez o teatro fosse outro. Mas, felizmente, a vida real ainda permite novos roteiros — com mais diálogo, menos estardalhaço e um pouco mais de humanidade.

 


 
 
 

* Por Luiz Henrique Arruda Miranda


Foto: ChatGPT
Foto: ChatGPT

O imperialismo está de volta — e desta vez, sem vergonha. Suas garras escancaradas se revelam em cada nova banalização da vida humana, em cada fato violento que domina as manchetes no Brasil e no mundo. Vivemos um tempo em que o noticiário — quase sempre em tempo real — se alimenta da dor como produto. Tragédias viram espetáculos. E é justamente essa perversidade que os algoritmos do mercado reconhecem como valor midiático: quanto mais medo, mais audiência.


A infovia da informação, dominada por redes digitais em constante expansão, é também uma arena de manipulação. Big Data, Business Intelligence, Inteligência Artificial e outros recursos tecnológicos tornaram-se ferramentas poderosas — e perigosas — para moldar percepções, reforçar narrativas e influenciar decisões políticas e econômicas em escala global. O ambiente digital, que deveria potencializar a autonomia dos sujeitos, muitas vezes os aprisiona em bolhas e reforça antagonismos.


É neste contexto que a mídia se mostra cada vez mais interativa, instantânea e subordinada aos humores do mercado financeiro. A liberdade de expressão ainda existe, mas é atravessada por interesses comerciais e estratégias de monetização. A consequência? Um jornalismo muitas vezes refém da performance e do clique, em detrimento do compromisso com o bem comum.

Ao refletir sobre essa realidade, recorro ao materialismo histórico-dialético, que ensina que toda nova etapa civilizatória traz consigo o germe de sua autodestruição. Não se trata de recuperar o marxismo como teoria econômica ou projeto político, mas de compreender que o avanço — por si só — não garante evolução. Ao contrário: sem consciência crítica, qualquer salto tecnológico pode se converter em abismo social.


É por isso que afirmo, com urgência: o momento de agir chegou. E o desafio é construir um novo Espírito de Estado — ético, responsável e humano. Um Estado capaz de harmonizar a força do poder econômico, de tendência naturalmente intervencionista, com a fé possível na paz entre os povos. Um Estado que adote como base uma pedagogia cidadã, comprometida com os direitos e deveres, guiada por algoritmos parametrizados pela comunicação não violenta e alimentados por valores como empatia, solidariedade e inclusão.


A Inteligência Artificial é, sim, uma conquista científica admirável. Mas seu uso precisa ser orientado por um novo tipo de aprendizado: imaterial, espiritual e coletivo. É preciso usá-la para fortalecer a dignidade humana, não para ameaçá-la. É preciso que a economia digital seja compatível com os princípios da sustentabilidade, da diversidade e da justiça social.


Que esse projeto seja economicamente viável com os avanços da mecatrônica, socialmente comprometido com a formação de novas demandas nas cadeias produtivas das Indústrias Criativas, e ambientalmente regenerativo, capaz de restaurar o equilíbrio com a natureza e atender, com dignidade, às necessidades humanas fundamentais.


Esse é o verdadeiro sentido de progresso que devemos perseguir — antes que a próxima síntese histórica nos devolva à barbárie.

 

 
 
 

Por Luiz Henrique Arruda Miranda – Comunicador Social


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A violência, justificada ou não, é um fato que atravessa a história da humanidade. Em 2025, ainda é um traço dominante de nossas relações sociais, econômicas e até afetivas. O direito à defesa, amparado juridicamente e celebrado como pilar da liberdade individual, muitas vezes se converte em instrumento de perpetuação da violência, legitimando ações que ferem o coletivo sob o pretexto da proteção pessoal ou da propriedade.


Vivemos numa sociedade marcada por contradições gritantes. Supor que a espécie humana seja capaz de conviver em paz plena é quase um ato de fé, pois o comportamento beligerante continua sendo incentivado — e premiado — em muitos círculos de poder. A cultura do confronto, do "nós contra eles", atravessa fronteiras geográficas, ideológicas e até familiares. A busca irracional por poder transforma o outro em ameaça e a defesa em ataque.


Mas é nesse mesmo paradoxo que reside a esperança de transformação. O desafio contemporâneo está em reinterpretar os valores que nos regem, não pela negação da propriedade ou do direito à defesa, mas pela valorização de algo ainda mais fundamental: o direito à dignidade compartilhada. Não apenas sobreviver, mas viver com propósito. Sonhar com recursos dignos e acessar meios legítimos de realização, sem que isso resulte em prejuízo para o próximo ou para o planeta.


O lucro, tão demonizado em discursos românticos e tão endeusado nos manuais de negócios, é necessário. Ele financia a inovação, a ciência, a educação e as ferramentas que nos permitem construir a paz — ou ao menos reduzir a ignorância que perpetua a violência. Desde que seja reinvestido com propósito, com senso de comunidade e com visão de longo prazo, o lucro pode se tornar uma alavanca de bem-estar coletivo.


É aí que o turismo se revela não apenas como um setor econômico estratégico, mas como prática civilizatória. Não me refiro ao turismo de massa predatório, mas àquele que emerge do respeito à diversidade e ao território. O turismo de saúde, o pedagógico, o regenerativo, o de negócios sustentáveis e os eventos criativos B2B e B2C, todos esses segmentos se encontram num ponto comum: a valorização da experiência como ferramenta de encontro.


Encontrar o outro, diferente de nós, pode nos ensinar mais sobre nós mesmos do que qualquer manual de ética. E esse encontro — quando mediado por respeito, hospitalidade e conhecimento — torna-se uma prática de paz. Uma experiência que celebra os saberes ancestrais, os rituais culturais, os costumes locais. É nesse campo simbólico que o turismo se conecta à sabedoria coletiva e ganha um papel protagonista na formação de uma cidadania global. A paz pode não ser um ponto de chegada, mas ela precisa ser o caminho. Um caminho pavimentado pela inclusão, pela compreensão e pela capacidade de reconhecer que a liberdade só se sustenta quando estendida ao outro. A utopia da convivência pacífica talvez nunca se concretize plenamente. Mas cada gesto, cada escolha, cada política pública que favorece o conhecimento, o diálogo e o encontro respeitoso nos aproxima de um mundo menos hostil.


E talvez — só talvez — isso seja mais revolucionário do que qualquer ato de defesa.

 
 
 
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