- 5 de ago.
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Por Luiz Henrique Arruda Miranda
Imaginemos, com um sorriso no canto da boca e o alerta no coração, um mundo em que a inesquecÃvel Odete Roitman — personagem de personalidade dominante, vivida por Beatriz Segall — fosse convocada para intermediar um acordo com ninguém menos que Donald Trump. Em pleno Conselho de Segurança da ONU. Seria diplomacia ou detonação?
Com sua fala afiada e olhar calculado, Odete talvez fosse o que nos falta entre protocolos diplomáticos desgastados e a necessidade de dizer verdades com elegância. Mas, como todos sabemos, os bastidores do poder real não se curvam à ficção. O que está em jogo vai além de egos: trata-se do futuro da humanidade — e isso não se negocia com ironias ou ameaças nucleares.
A explosão que precisamos não é a bélica. É a da consciência.
Num planeta onde atrocidades entre seres humanos continuam sendo praticadas com naturalidade estarrecedora, resta-nos a ONU como o experimento civilizatório mais avançado já produzido coletivamente. Sua imperfeição não a torna inútil. Ao contrário, é sinal de que seguimos tentando encontrar consenso onde reina a divergência.
Não podemos, no entanto, continuar espelhando a competência em negociação apenas no poder de barganha de quem tem o maior arsenal ou o maior PIB. Democracia não se mede em mÃsseis, mas em dignidade partilhada. Direitos iguais, respeito mútuo, justiça social — valores esses que sustentam não apenas a cidadania, mas também o consumo responsável e as polÃticas públicas integradas à iniciativa privada em compromissos sustentáveis de curto, médio e longo prazo.
As tecnologias da informação já nos oferecem instrumentos que trazem luz onde antes havia opacidade. Cada IP é uma identidade. Cada clique, um rastro de intenção. Se podemos rastrear com tanta precisão, também podemos — e devemos — garantir mais equidade, transparência e responsabilidade, especialmente no campo do trabalho. Afinal, nenhum progresso é real se não reconhece o valor social das mãos que o constroem.
Nesse caminho, seria louvável se o Banco Mundial liderasse uma campanha global — incentivada por bancos privados e fintechs comprometidas com critérios cientÃficos e éticos — para fortalecer economias criativas e solidárias. Com o suporte da inteligência artificial, poderÃamos criar estratégias que transcendam a especulação e mirem o bem comum.
Ganhos de escala? Claro que sim. Mas com propósito.
Mais voos, sim — desde que sustentáveis. Mais cruzeiros, trens, rodovias e hidrovias — desde que limpos e integrados a territórios que respeitam suas culturas e seus ecossistemas. Mais embarques e desembarques — desde que conectem pessoas, e não apenas lucros.
O futuro é possÃvel. Está em nossas mãos e nas escolhas que fazemos todos os dias, seja na urna ou na prateleira, no streaming ou no destino da próxima viagem. E, falando em escolhas conscientes, recomendo aos profissionais da hospitalidade e interessados em turismo sustentável uma visita ao Portal do Hoteleiro. Porque, sim, a transformação começa também pelo que aprendemos, ensinamos e compartilhamos.
Se Odete negociasse com Trump, talvez o teatro fosse outro. Mas, felizmente, a vida real ainda permite novos roteiros — com mais diálogo, menos estardalhaço e um pouco mais de humanidade.
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