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Por Luiz Henrique Arruda Miranda


“Não é o Cerimonial que estraga prazeres, ele zela pela harmonia de todos os momentos ritualísticos e busca realizar conexões afetuosas e memoravelmente felizes*.” A frase de Andrea Nakane, pesquisadora e especialista em turismo e hospitalidade, não apenas sintetiza com exatidão o papel nobre dos profissionais de cerimonial, como nos convida a uma reflexão mais profunda sobre o significado dos rituais, sua função social e — por que não? — sua analogia com o próprio tecido da convivência humana.


Na superfície, Andrea responde à crítica rasa que coloca o cerimonial como um “inimigo da espontaneidade”, uma visão míope frequentemente evocada em situações como casamentos, formaturas e eventos solenes. Mas, ao mergulharmos na essência dessa frase, entendemos que o que está em jogo é algo maior: o respeito aos ritos como guardiões da ordem simbólica que sustenta a civilidade. O cerimonial, longe de ser uma formalidade vazia, organiza os gestos para que o afeto possa florescer com liberdade — não com desordem. Como afirma o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, “a sociedade da transparência e da espontaneidade aboliu o sagrado em nome da performance individual”, esquecendo-se que a liturgia das relações é, justamente, o que nos permite viver em harmonia.


Esse princípio extrapola o ambiente dos salões de festa e se aplica ao macrocosmo das relações globais. Tomemos como exemplo a política econômica adotada unilateralmente por Donald Trump, em que a diplomacia e a reciprocidade — os “cerimoniais” da convivência internacional — foram abruptamente substituídos pela lógica do "America First". Tarifas impostas sem negociação, acordos comerciais desmontados com desdém e a imposição de regras segundo os interesses exclusivos de uma potência transformaram o sistema econômico mundial em um campo de imprevisibilidades.


Essa atitude, comparável ao convidado que interrompe a cerimônia de um casamento para defender sua playlist pessoal, mina estruturas de confiança construídas ao longo de décadas. As consequências são claras: instabilidade de mercados, aumento das tensões entre blocos comerciais, retrocesso na cooperação ambiental e prejuízos diretos para economias emergentes como a do Brasil — país que, ao contrário, vem reafirmando seu compromisso com os pilares do desenvolvimento sustentável.


Mesmo diante do negacionismo corporativo e político que tenta esvaziar o valor do ESG (Environmental, Social and Governance), é evidente que países que organizam sua economia com base nesses princípios estão construindo uma trajetória civilizatória com mais propósito, mais equidade e mais futuro. O Brasil, embora jovem como nação, tem maturidade para entender que as cerimônias — em seu sentido mais amplo — são ferramentas de continuidade, não de estagnação. Elas servem para projetar valores coletivos para além do presente imediato.


Aqueles que enxergam o planeta como um terreno provisório, e vislumbram a vida em Marte como alternativa plausível, estão — parafraseando Yuval Noah Harari — mais próximos do Homo Deus do que do Homo Sapiens. Mas essa jornada sideral, que pode ser acompanhada apenas por um grupo seleto de bilionários, como o senhor Elon Musk, cuja fortuna já ultrapassa os US$ 342 bilhões, não é solução para a esmagadora maioria da população. *A verdadeira evolução está em organizar com sabedoria, responsabilidade e beleza o que fazemos aqui e agora.


Respeitar o cerimonial — seja em um casamento, em uma cúpula diplomática ou em um plano de governo — é respeitar o outro. É respeitar o tempo, a história, a memória e o que ainda está por vir. A desorganização, travestida de rebeldia, é o caminho mais curto para a ruptura dos laços que nos unem. Celebrar, com método e alma, é o que nos torna verdadeiramente humanos.


*Luiz Henrique Arruda Miranda é Comunicador Social e CEO da Agência Amigo – Comunicação Integrada, skalega, publisher do portaldohoteleiro.com.br, da Revista Visite Guarujá e diretor de Comunicação e Marketing da Skål Internacional São Paulo

 
 
 

Atualizado: 22 de abr.

*Luiz Henrique Arruda Miranda

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A verdadeira liberdade pressupõe responsabilidade, especialmente ao explorar destinos turísticos onde a riqueza cultural e a diversidade natural convidam visitantes e visitados a um intercâmbio profundo e respeitoso. Não se trata de uma liberdade absoluta, mas sim de uma liberdade consciente, limitada pelo compromisso ético de preservar e valorizar tanto a cultura local quanto o meio ambiente, em sintonia com práticas ESG que garantam equilíbrio ecológico e social. Neste cenário, incentivar estadias de ao menos uma noite nos locais visitados reforça conexões autênticas e a valorização real das tradições locais.


Ao assumir que a mãe Natureza é a legítima guardiã da diversidade viva, reconhecemos a importância de preservar práticas culturais ancestrais e visionárias que mantêm o equilíbrio ecológico. Esse compromisso com a sustentabilidade e o respeito às sabedorias culturais amplia a consciência ecológica dos turistas, proporcionando experiências enriquecedoras e responsáveis. É nesse contexto que o turismo cultural com pernoite surge como uma potente ferramenta para promover o respeito mútuo, superando tensões geopolíticas ao dar voz às Indústrias Criativas e à Arte, que retratam, em múltiplas formas de expressão, hábitos, costumes e valores preservados ao longo do processo civilizatório.


A promoção cultural autêntica, sem violência e com respeito integral às verdades diversas, pode efetivamente dissolver polarizações entre potências globais. Investir nas Indústrias Criativas e valorizar expressões culturais como ferramentas econômicas estratégicas é um caminho poderoso para fomentar diálogos pacíficos e construtivos. A verdadeira liberdade é aquela que respeita e celebra a pluralidade divina, inerente à existência humana, como bem exemplifica o antropólogo Carlos Jachieri ao afirmar que, assim como "não existem duas folhas iguais no planeta", cada cultura traz uma riqueza única e insubstituível.


Inspirados pelo princípio universal expresso no mandamento de amar a vida em todas as suas formas e manifestações, independente de credo ou religião, percebemos que o turismo com responsabilidade limitada pode ser uma poderosa ferramenta de conexão humana e cultural. A experiência turística significativa é aquela que enriquece visitantes e visitados igualmente, promovendo respeito mútuo e entendimento profundo através do contato autêntico, consciente e empático entre diferentes povos. Assim, construímos um futuro mais harmonioso, justo e sustentável.


*Luiz Henrique Arruda Miranda é Comunicador Social e CEO da Agência Amigo – Comunicação Integrada, skalega, publisher do portaldohoteleiro.com.br, da Revista Visite Guarujá e diretor de Comunicação e Marketing da Skål Internacional São Paulo

 

 
 
 

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*Luiz Henrique Arruda Miranda 


O recente aumento no número de turistas estrangeiros no Brasil, conforme noticiado pelo UOL, destaca o potencial do setor de viagens, turismo e eventos como motores do desenvolvimento sustentável no país. Entre 1º e 22 de janeiro deste ano, Uruguaiana registrou a passagem de 396.452 turistas, sendo 385 mil argentinos, superando as expectativas iniciais.


Em 2024, o país registrou a entrada de 6.657.377 turistas estrangeiros, representando um aumento de 12,6% em relação a 2023. Este é o maior número já registrado, superando o recorde anterior de 2018.


O turismo doméstico também apresentou crescimento significativo. Em 2024, o gasto com turismo interno atingiu um recorde histórico de US$ 112,4 bilhões, evidenciando a valorização dos destinos nacionais pelos brasileiros.


O setor de turismo contribuiu com US$ 169,3 bilhões (aproximadamente R$ 881 bilhões) para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024, representando 7% do PIB nacional. Este valor indica um crescimento de 9,5% em relação a 2019, ano pré-pandemia.

Em termos de emprego, o setor gerou mais de 8 milhões de postos de trabalho em 2024, correspondendo a 8,1% do total de empregos no país. Este número inclui empregos diretos e indiretos, abrangendo desde a rede hoteleira e restaurantes até pequenos comerciantes e artesãos.


O turismo é uma atividade dinâmica que impacta cerca de 52 setores da economia, contribuindo significativamente para o crescimento econômico por meio da geração de empregos e renda, além de influenciar outras cadeias produtivas de bens e serviços.


O turismo sustentável baseia-se em três pilares fundamentais: ambiental, econômico e social. No Brasil, diversas organizações vêm pesquisando e analisando formas de operacionalizar o desenvolvimento sustentável na atividade turística, considerando a autenticidade cultural, a inclusão social, a conservação do meio ambiente, a qualidade dos serviços e a capacidade de gestão local como condições fundamentais para a viabilidade da atividade turística a longo prazo.

O Brasil, com sua vasta biodiversidade e riqueza cultural, está naturalmente posicionado para se destacar no cenário das indústrias criativas. O fortalecimento do turismo e dos eventos não apenas impulsiona a economia, mas também promove a preservação ambiental e a inclusão social, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.


Para que o país alcance todo o seu potencial nesse setor, é essencial investir em infraestrutura, capacitação profissional e políticas públicas que incentivem práticas sustentáveis. A integração entre governo, iniciativa privada e comunidades locais é fundamental para criar um ambiente propício ao crescimento responsável do turismo e dos eventos, garantindo benefícios econômicos, sociais e ambientais para as gerações presentes e futuras.


Em suma, o setor de viagens, turismo e eventos é um vetor estratégico para o desenvolvimento sustentável do Brasil, oferecendo oportunidades únicas para o progresso econômico, a preservação cultural e a conservação ambiental. Aproveitar essa vocação é essencial para construir um futuro mais próspero e equilibrado para o país.


*Luiz Henrique Arruda Miranda é Comunicador Social e CEO da Agência Amigo – Comunicação Integrada, publisher do portaldohoteleiro.com.br, da Revista Visite Guarujá e diretor de Comunicação e Marketing da Skål Internacional São Paulo

 

 


 
 
 
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